Do ‘ah que giro’ ao ‘eu preciso de ter isto’
- Lara Moita
- 8 de abr.
- 3 min de leitura

Como convencer o cliente a comprar, sem impingir o nosso produto
Quantas vezes já ouviste alguém olhar para o teu trabalho e dizer “ah, que giro”? E quantas dessas vezes isso se transformou numa venda?
Pois. Essa expressão simpática é muitas vezes o equivalente a um elogio vazio — admiração sem compromisso.
E o desafio está exatamente aqui: como transformar o encanto inicial numa vontade real de compra, sem parecer que estamos a impingir nada?
A resposta está na comunicação emocional, na conexão verdadeira com o cliente e numa mudança de foco: deixa de tentar vender um produto e começa a contar uma história, resolver um problema ou criar um desejo.
Vamos a isso?
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1. O encanto não chega — é preciso criar conexão
Quando o cliente diz “que giro”, está a reagir à aparência. Mas as compras — especialmente no artesanato — raramente são racionais. As pessoas compram com o coração. Compram porque se identificam, porque sentem algo, porque aquilo lhes diz alguma coisa. E é aqui que tu podes fazer a diferença.
Como?
• Mostra o processo, o cuidado, a alma por trás da peça.
• Partilha histórias reais: para quem fizeste algo semelhante? O que essa peça representou?
• Liga o teu trabalho a memórias, sentimentos, rotinas do dia a dia — faz com que a pessoa se imagine a usá-lo ou oferecê-lo.
Uma peça bonita chama a atenção.
Uma peça com história cria desejo.
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2. Em vez de “compra”, mostra “para quem é”
Evita aquele discurso genérico do “feito com amor” ou “ideal para qualquer pessoa”. Isso não ativa nenhuma vontade de compra. Pelo contrário — quanto mais vago fores, menos impacto tens.
Em vez disso, experimenta algo como:
• “Para quem gosta de ter a casa com aquele toque especial, mas sem perder a simplicidade.”
• “Para quem já não aguenta bijuteria que se estraga à primeira chuva.”
Quando o cliente se reconhece, sente que fizeste aquilo para ele.
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3. Desperta o “eu preciso” com contexto
Ajuda o cliente a visualizar a peça em uso.
Se vendes brincos, mostra-os com um look completo.
Se fazes velas, mostra o ambiente em que brilham.
Se crias mantas, pinta o cenário: sofá, chá quente e um livro.
Dá ao cliente o cenário todo. A peça deixa de ser só um objeto bonito — passa a ser parte de uma experiência que ele deseja viver.
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4. Valor sem pressão
“Impingir” começa quando sentimos que alguém nos quer vender algo a todo o custo.
Mas há uma forma de mostrar o valor da tua peça sem forçar nada: educa o teu cliente.
Explica:
• Por que usas aquele material?
• Quanto tempo demora a fazer?
• O que torna aquela peça única?
• Como é embalada e enviada?
Ao dar informação, estás a dar autonomia ao cliente para decidir. E clientes que compreendem o valor, decidem com mais confiança.
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5. O convite final — mas sem drama
E no fim? Podes convidar à compra, claro. Mas evita o tom de desespero. Esquece os “ajuda-me comprando” ou “ninguém valoriza o artesanato”. Isso só afasta.
Em vez disso, usa um convite natural, leve, que respeita o espaço do outro:
• “Se te imaginas com uma peça destas, envia mensagem.”
• “Já só restam dois — se um for teu, avisa-me.”
• “A loja está atualizada — vai espreitar se alguma peça te chama.”
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Resumo prático: do ‘giro’ ao ‘quero’
Para transformar elogios em vendas:
• Cria histórias, não só produtos.
• Fala com quem sente, não com quem compara.
• Mostra a utilidade e o contexto.
• Dá informação com autenticidade.
• Convida com leveza, sem pedir esmola.
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O teu cliente não precisa que o convenças com truques. Precisa de sentir que aquilo que fazes é para ele, pensado com intenção, feito com cuidado e entregue com verdade.
E quando isso acontece… o “ah, que giro” vira “onde posso comprar?”.
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