Manifesto Crafting Europe 2025
- Lara Moita
- 22 de mai.
- 4 min de leitura
Segue abaixo a tradução completa do Manifesto Crafting Europe 2025 para português:
CRAFTING EUROPE
UM MANIFESTO PARA UMA ESTRATÉGIA EUROPEIA PARA O ARTESANATO 2025
“Apelamos às instituições europeias e aos decisores nacionais para que apoiem o Manifesto Crafting Europe e trabalhem em conjunto neste plano de ação de seis pontos, garantindo a sobrevivência e o desenvolvimento do artesanato para as futuras gerações.”
Os membros e parceiros da European Crafts Alliance representam milhões de profissionais do artesanato, ateliês e fabricantes em toda a Europa. O artesanato é um setor dinâmico e diverso, que abrange centenas de ofícios especializados. Entre os mais conhecidos estão o têxtil, a moda, a cerâmica, o vidro, o metal, a joalharia e a marcenaria, mas muitos outros permanecem profundamente ligados ao património, território, cultura e tradições da Europa.
Em 2019, o Manifesto Crafting Europe foi apresentado em Paris com uma missão clara: aumentar a visibilidade do setor artesanal europeu e incentivar os decisores políticos a agir. Desde então, foram feitos progressos significativos. No entanto, apesar dos avanços em algumas políticas específicas, ainda há muito trabalho pela frente.
O setor enfrentou desafios sem precedentes, desde o impacto da pandemia de Covid-19 até às crises económicas e à inflação. As incertezas geopolíticas, incluindo tensões comerciais e conflitos, perturbaram cadeias de abastecimento e reduziram a procura internacional por produtos artesanais europeus. Ainda assim, o setor demonstrou uma notável resiliência—adotando inovações digitais, explorando novos mercados e defendendo políticas mais fortes.
Navegar neste contexto complexo exige uma abordagem estratégica e unificada. A colaboração entre artesãos, associações e governos não é apenas benéfica, mas essencial para proteger e promover o património artesanal europeu para as futuras gerações.
O manifesto inicial foi uma plataforma essencial para dar voz aos profissionais do artesanato europeu, que passaram a ser ouvidos pela Comissão Europeia. Desde então, a Comissão tem mostrado apoio contínuo, financiando inúmeros projetos com o objetivo de fortalecer os ecossistemas do artesanato na Europa.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Reconhecer o Impacto do Artesanato
Valorizar o contributo inestimável do setor artesanal para a sociedade, património, cultura e economia europeus. O artesanato é uma pedra basilar da nossa identidade coletiva.
Valorizar a Criatividade Centrada no Ser Humano
Promover este setor criativo que nutre uma profunda ligação humana com o mundo, servindo de modelo para o desenvolvimento sustentável nas economias locais.
Apoiar o Crescimento Através da Legislação
Defender políticas robustas e mecanismos de apoio adaptados que permitam ao setor artesanal prosperar comercialmente com estabilidade a longo prazo.
Fomentar a Educação e a Transmissão de Saberes
Priorizar programas de formação e iniciativas educativas que transmitam saberes dos mestres aos mais jovens. Esta educação é vital para a sustentabilidade do setor e preservação das técnicas tradicionais.
Impulsionar a Inovação e a Evolução
Estimular a criatividade e a adaptação de técnicas tradicionais a contextos modernos, mantendo vivo o espírito inovador do artesanato.
Promover e Preservar o Património Artesanal
Aumentar a consciência pública sobre a importância de proteger o património artesanal europeu, passado de geração em geração.
Aproveitar o Artesanato para a Sustentabilidade
Destacar o papel do artesanato na sustentabilidade e economia circular. Os artesãos devem ser capacitados a combater as alterações climáticas e contribuir para o desenvolvimento urbano e rural.
Investir em Investigação e Inovação em Materiais
Posicionar o setor artesanal como laboratório sustentável de investigação e desenvolvimento através da experimentação com materiais.
Revitalizar as Indústrias Artesanais Locais
Apoiar o ressurgimento de cadeias de produção locais e indústrias artesanais (ex. lã, bicho-da-seda), reforçando economias locais e reduzindo a dependência de cadeias globais.
PLANO DE AÇÃO
1. Garantir Representação em Programas Europeus
Assegurar que termos como “artesão, artista artesanal, criador” sejam representados em todos os programas relevantes da UE (2026–2030), incluindo iniciativas de sustentabilidade, educação e inovação. Garantir igualdade no acesso aos fundos públicos europeus.
2. Apoiar o Empreendedorismo e Acesso ao Mercado
Adaptar regulamentos às especificidades dos negócios artesanais, promovendo crescimento e autenticidade. Expandir o acesso a formação profissional, digitalização, comércio eletrónico e internacional. Apoiar práticas inovadoras e sustentáveis.
3. Combater o Declínio na Formação e Transmissão de Saberes
Colaborar com instituições para criar programas que liguem mestres e jovens talentos. Promover programas de mentoria e certificações de saberes. Mostrar como as competências artesanais podem ser aplicadas em setores como construção, restauro e fabrico de luxo.
4. Medir o Valor Económico, Educativo, Cultural e Social do Artesanato
Criar um quadro europeu para medir o impacto do artesanato. Promover a criação de um código NACE específico. Proteger técnicas tradicionais com indicações geográficas e destacar o valor económico das regiões artesanais.
5. Reconhecimento e Proteção Legal do Setor Artesanal
Legislar a nível europeu e nacional para reconhecer e proteger os ofícios artesanais. Garantir que os negócios artesanais possam prosperar nos mercados internos e externos, preservando o património europeu.
6. Instituir um Ano Europeu do Artesanato
Propor um “Ano Europeu do Artesanato” entre 2026 e 2030 para sensibilizar decisores e o público para o papel vital do artesanato na inovação, coesão social e desenvolvimento sustentável.

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