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Nem Tudo o Que É Feito em Casa É Artesanato — E Está Tudo Bem (Mas Chamemos as Coisas Pelos Nomes Certos)


Hoje quero falar de algo que me inquieta e que é importante para todos nós que queremos realmente valorizar o artesanato como profissão séria e digna.


Nem tudo o que é feito em casa é artesanato. E, atenção, isso não significa que tenha menos valor. Ter um pequeno negócio não artesanal é tão legítimo e válido quanto fazer artesanato. Mas se queremos que o verdadeiro artesanato seja reconhecido, precisamos de começar por chamar cada coisa pelo seu nome.



Fazer à Mão Não É o Mesmo Que Fazer Artesanato


Há uma diferença clara entre:


• Produção artesanal, com identidade, técnica, intenção criativa e domínio do ofício;


• E produção caseira ou manufatura em pequena escala, que pode ser ótima, bem feita, honesta e útil, mas que não tem necessariamente base artesanal.


Nem tudo o que se faz com as mãos, em casa, ou com carinho, é artesanato.


E não há mal nenhum nisso.


Mas o problema começa quando tudo se mistura no mesmo saco – ou na mesma feira.



As Feiras de Artesanato Estão a Ser Descaracterizadas


As chamadas feiras de artesanato estão, em muitos casos, a tornar-se um espaço onde se vende de tudo um pouco:


🔸 Revenda disfarçada,

🔸 Produtos importados,

🔸 Artigos montados com peças prontas,

🔸 Produções em série, sem identidade ou valor criativo.


E o que acontece?


➡️ O cliente já não distingue o que é verdadeiramente feito à mão com técnica e intenção artística.


➡️ O valor do artesanato vai sendo diluído, confundido, banalizado.


➡️ O artesão profissional, que vive do seu ofício, vê-se lado a lado com produtos que não refletem a mesma entrega, conhecimento nem processo.



Há Espaço Para Todos — Mas Cada Um No Seu Lugar


Não se trata de excluir ninguém. Mas sim de reconhecer que há feiras diferentes, com propósitos diferentes.


📌 Se vendes sabonetes artesanais, bijuteria montada ou produtos caseiros bem feitos, talvez o teu lugar seja numa feira de produtos locais, de design independente, de pequenos produtores ou mercados urbanos.


📌 Se és artesão, com técnica apurada e identidade própria no teu trabalho, luta para que as feiras de artesanato sejam, de facto, representativas do verdadeiro artesanato.


Porque quando tudo se mistura, ninguém se destaca e todos perdem.



Se Queremos Dignificar o Artesanato, Temos de o Proteger


O primeiro passo para valorizar o artesanato é respeitá-lo e diferenciá-lo.


E isso começa por:

✅ Chamarmos as coisas pelos nomes certos.

✅ Exigirmos critérios nas feiras de artesanato.

✅ Ocupando os espaços certos para cada tipo de negócio.


Há espaço para todos brilhar — mas cada um no palco certo.


Porque quando as feiras de artesanato forem ocupadas por artesanato verdadeiro, o público voltará a olhar para este setor com o respeito que merece.


E nós — artesãos, produtores, criativos — temos o dever e o poder de começar essa mudança.


Vamos a isso?

 
 
 

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2 Comments

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Esta questão muito se deve essencialmente por duas razões (a meu ver): tanto quem faz, como quem organiza feiras não tem presente a verdadeira e oficial definição de artesanato. Logo também não terá capacidade de fazer a devida filtragem.

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Guest
Mar 20
Rated 5 out of 5 stars.

Este é o motivo principal porque deixei de participar em mercados pois desvalorizam o verdadeiro trabalho artesanal

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