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Mudar mentalidades e remar contra a maré

Nem sempre é fácil estar deste lado.

Hoje, confesso: estou frustrada.


Publiquei um simples post sobre o nosso serviço de Feiras de Artesanato — e o que era suposto atrair artesãos sérios, prontos para levar o seu trabalho a outro nível, acabou por abrir as portas a tudo menos isso.


Perfis a partilhar as suas “coisinhas”,

Pessoas que falam mais de receitas do que de técnicas,


De repente, o meu Instagram foi invadido por quem representa exatamente o contrário do que a Plataforma defende.


E o que é que isso mostra?


Mostra o que se passa no mundo real.

Mostra como ainda há uma confusão enorme entre artesanato, manualidade e passatempo.

E enquanto essa confusão continuar… o artesanato vai continuar a ser desvalorizado.


Enquanto todos se chamarem “artesãos”…


…sem formação, sem técnica, sem identidade,

…sem pagar impostos, sem emitir faturas,

…a vender por tuta e meia para “ver se dá”,

o cliente vai continuar a querer pagar barato.


Vai continuar a ver o nosso trabalho como “umas coisinhas feitas em casa”.

Vai continuar a achar que o teu bordado vale o mesmo que um guardanapo da loja dos 300.


E isso parte-me o coração. Porque sei que há tantos que merecem mais.


  • Que estudaram.

  • Que aprimoram a técnica há anos.

  • Que criam com identidade.

  • Que se levantam cedo para ir às feiras.

  • Que investem em bons materiais, em comunicação, em embalagem.

  • Que dão tudo. E pedem apenas o justo.


E esses… estão a ser engolidos por um mar de “artesanato de brincadeira”.

E sim — é desesperante.


Mas é por esses que eu continuo a lutar. E preciso de ti.


Preciso que levantes a tua voz comigo.

Que defendas o verdadeiro artesanato.

Que pares de minimizar o teu trabalho.

Que pares de dizer “é só um hobby” quando sabes que dás o corpo e a alma.

Que pares de vender sem pensar.


E comeces a vender com consciência, com estratégia, com respeito pelo teu ofício.


Mudar mentalidades é remar contra a maré.


Mas se remarmos juntos… criamos corrente.

Criamos impacto.

Mudamos, devagar, mas mudamos.


E se tu, que estás a ler, pensas como eu — já somos mais um.

E talvez mais dois, três, vinte, cem.

E um dia, quem sabe, mil.


Mas só acontece se não desistirmos.


Por isso, hoje, deixo-te este apelo:


Vamos ser a voz que o artesanato precisa.

Vamos mostrar que não é só amor — é profissão.

Que não é só talento — é trabalho.

Que não é só “feito à mão” — é feito com cabeça, coração e coragem.


Estou cansada, sim.

Mas não desisto.

Porque tu estás aí.

E isso dá-me esperança.


Vamos continuar a remar. Mesmo contra a maré.

Porque isto vale a pena.

E o artesanato merece.

 
 
 

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