O “middle way” do budismo — e o que ele tem a ver com a tua vida (e com o teu negócio artesanal)
- Lara Moita
- há 6 dias
- 2 min de leitura
No budismo, há um conceito central chamado “middle way” — ou caminho do meio.
É uma ideia simples e profunda ao mesmo tempo:
Evitar os extremos.
Rejeitar tanto o excesso quanto a privação.
Escolher o equilíbrio. A consciência. A moderação com intenção.
Diz-se que Buda só alcançou a verdadeira iluminação depois de ter vivido os dois extremos:
Primeiro, o luxo absoluto enquanto príncipe.
Depois, a austeridade extrema enquanto buscador espiritual.
E o que percebeu?
Que nenhum dos dois lhe trouxe clareza ou liberdade.
Foi no meio — no caminho do equilíbrio — que encontrou a paz, a direção e a transformação.
E o que é que isto tem a ver contigo, comigo, e com o artesanato?
Muito.
Mais do que possas imaginar.
Porque a verdade é que, em muitos momentos, nós também oscilamos entre extremos:
Trabalhar até à exaustão vs. desistir à primeira dificuldade.
Criar por paixão sem pensar no cliente vs. produzir só o que “vende”.
Publicar todos os dias sem descanso vs. desaparecer das redes por meses.
Querer ser perfeito vs. achar que qualquer coisa serve.
E esquecemos que o verdadeiro crescimento está no meio.
O caminho do meio é saber equilibrar…
A tua criatividade com estratégia.
Cria com alma, mas pensa com clareza. Não é fazer só o que te apetece, nem apenas o que “vende mais”. É encontrar o ponto onde o teu talento e o desejo do teu cliente se cruzam.
A inspiração com a ação.
Sonhar é essencial, mas sem ação, nada muda. E agir sem direção só gera cansaço. Inspira-te, sim — mas faz.
A consistência com o descanso.
As redes sociais não te pedem para estares sempre online — pedem que estejas presente com intenção. Cria uma rotina que seja sustentável a longo prazo.
A ambição com a paciência.
Sim, queres viver do teu trabalho. Mas isso leva tempo, tentativa, erro, adaptação. Não atropeles o processo.
Ser artesão é viver (ou tentar viver) esse equilíbrio todos os dias.
Equilibras tempo entre criação e promoção.
Equilibras emoção com profissionalismo.
Equilibras tradição com inovação.
Equilibras o desejo de vender com o desejo de continuar a amar o que fazes.
E às vezes é difícil.
Porque o mundo grita pelos extremos — e o equilíbrio, esse, exige escuta, presença, consistência.
Mas o caminho do meio continua lá. Sempre.
Está quando decides subir os teus preços com respeito e confiança.
Está quando optas por fazer menos produtos, mas melhores.
Está quando percebes que não precisas estar em todas as redes — só nas certas.
Está quando aprendes a dar valor ao teu trabalho, sem te esgotares por ele.
Conclusão?
O “middle way” não é neutralidade.
Não é viver a meio-gás.
É caminhar com intenção, consciência e equilíbrio — mesmo quando tudo à volta te puxa para os extremos.
E se há profissão onde este ensinamento faz todo o sentido, é no artesanato.
Porque criar com as mãos também é, de certa forma, meditar com o corpo inteiro.
Que saibas encontrar o teu ponto de equilíbrio.
E que o teu caminho — no artesanato e na vida — seja mais leve, mais consciente, mais teu.
Estamos cá para te acompanhar, passo a passo.
Sempre no caminho certo: o teu.
Obrigada por essas palavras! Foram inspiradoras 🙏